Leonardo Boff emociona em palestra realizada pelo MDDF

 

 Dia 10 de abril de 2014 foi um marco para o MDDF. Realizamos um sonho que acalentamos por anos: trazer o teólogo Leonardo Boff – um dos maiores pensadores da atualidade sobre questões ambientais, espiritualidade, direitos humanos, entre outros. Boff concedeu a palestra “Desafios Ambientais para Humanidade” por duas horas no Teatro Municipal de Santo André e ainda, com carinho e paciência, respondeu a questões da plateia após o encerramento de sua fala.

Aos 75 anos, ele proferiu de pé todo o tempo e, sem demonstrar  cansaço, silenciou os presentes com suas reflexões absolutamente pertinentes sobre a nossa relação com o outro, conosco mesmo e com o planeta Terra. “O planeta vive sem nós. Mas nós não viveremos sem ele”, disse.

O filósofo abriu a palestra tratando da conjunção da escassez de água potável com o aquecimento global e demonstrando como tal cenário está levando o planeta para o centro de uma crise capaz de exterminar as formas de vida como hoje conhecemos.

Para Boff, é a contribuição de cada um e ao mesmo tempo de todos que fará a diferença para reverter uma grande catástrofe – que já assistimos parcialmente com as mudanças climáticas, desaparecimento de espécies, migração de populações etc. A produção deve se dar “no ritmo da Terra”, assinalou.

“As duas crises são globais e afetam globalmente a todos, com efeitos letais. Por isso, precisamos de uma governança também global, capaz de tratar do assunto a partir de um centro pluridimensional de poder. Isso exige que cada país renuncie um pouco de sua soberania, o que não vemos acontecer. Então podemos morrer por causas produzidas pela própria humanidade. Hoje o meteoro rasante que passa próximo à terra se chama ser humano”.

Boff criticou o capitalismo, que teria transformado tudo em mercadoria, inclusive o ser humano. “Quando não se quer mais, bota-se fora, como uma mercadoria”. O único amor do capitalismo é o “valor de mercado”. Por isso, Boff fala em uma inteligência ancestral capaz de resgatar o sentimento de o amor, de afeto entre os seres humanos e deles em relação à natureza. “Sem isso o ser humano não vai olhar para o pobre, não vai cuidar da natureza”, exemplifica. “Podemos ser mais, com menos. Temos de resgatar a solidariedade”.

Crítico do neoliberalismo, apontou estatísticas que demonstram o que o modelo capitalista gerou: 1% da população do Estados Unidos possui mais riqueza que todo o país junto. No Brasil, 5 mil famílias detêm 43% da riqueza nacional.

Publicado por MDDF

Movimento de moradia de Santo André - SP.

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